O tema de Redação da prova do COTUCA 2025 abordou Inteligência Artificial
Em 2022, o mundo foi surpreendido com a incrível capacidade de um tipo de inteligência artificial (IA) de produzir textos que soavam muito familiares aos leitores. Sua habilidade de combinar e articular palavras, frases e parágrafos de modo coerente e coeso tornava seus textos similares àqueles feitos pelo ser humano.
O ChatGPT, e outras ferramentas que se baseiam no mesmo processo, surpreendeu e ainda surpreende qualquer usuário que o utilize.
Sua capacidade de gerar tais textos é reconhecida como revolucionária e facilitadora de diversas tarefas.
No entanto, questões como autoria e plágio também se colocam e alertam especialistas de diversas áreas sobre os desafios de seu uso indiscriminado.
Na educação não é diferente, e esse uso provoca o debate sobre a capacidade de aprendizes, em distintos momentos do aprendizado, de conceberem por si só suas ideias, organizá-las, desenvolverem-nas ou sintetizá-las de maneira crítica.
Tomando como base esta introdução, a leitura dos 3 textos a seguir e sua experiência, elabore um texto dissertativo-argumentativo, redigido em até 30 linhas, que discuta o seguinte tema: as implicações do uso indiscriminado de ferramentas de inteligência artificial, tais como ChatGPT, na produção de textos, por estudantes, em seu contexto de aprendizagem.
O que é o ChatGPT?
Ele é um robô virtual, criado pela OpenAI, empresa norte-americana fundada em 2015, capaz de responder a perguntas e atender a demandas que vão desde compor uma canção a escrever um artigo acadêmico sobre um tema determinado.
Também é possível resolver problemas matemáticos, desenvolver códigos de programação e até pedir sugestões de ideias para projetos ou questões pessoais, ainda que o próprio ChatGPT avise que não possa emitir opiniões.
Abastecido com um volume enorme de textos e informações disponíveis na internet e treinado por técnicas de aprendizado de máquina, o modelo de linguagem usado dá ao robô a capacidade de prever palavras e frases que são escritas em um contexto específico a partir do prompt feito pelo usuário, ou seja, as perguntas (ou os comandos).
Ademais, seus textos parecem com os dos humanos, pois o robô recebe dados, sem um propósito específico, para aprender a identificar estruturas e especificidades do idioma em que está sendo treinado, gerando textos similares àqueles do processo de treinamento.
Como o ChatGPT pode impactar na Educação?
A presença da inteligência artificial na educação suscita muitos debates, tendo em vista que o “ChatGPT põe em xeque questões de autoria e produção de conhecimento, e esses são os principais resultados que o professor espera obter com uma boa aula. Assim, a utilização de uma ferramenta que ‘pensa’ pelo aluno assusta com a ideia de que não será mais possível observar, no dia a dia, a evolução da aprendizagem dos nossos estudantes”, explica a professora Michele Alda Rosso Guizzo, doutora em Informática na Educação pela UFRGS.
A questão da autoria extrapola a sala de aula, como se pode observar quando a prestigiosa revista científica Nature anunciou que não aceitará o ChatGPT como autor de um trabalho de pesquisa, mas permitirá o uso de ferramentas de inteligência artificial desde que essa informação apareça na metodologia ou nos agradecimentos, por exemplo.
O que pensa o ChatGPT?
Para encerrar essa reflexão sobre os impactos da inteligência artificial na educação, decidimos perguntar ao próprio ChatGPT o que ele pensa sobre a questão. Confira a breve “entrevista” realizada com a ferramenta.
Pergunta: Qual você acha que será o impacto do ChatGPT nas escolas?
Resposta do ChatGPT: Acredito que o impacto do ChatGPT nas escolas pode ser bastante positivo, uma vez que ele pode ser utilizado como uma ferramenta educacional eficaz para ajudar os estudantes a aprender de forma mais rápida e eficiente.
Ele pode ser utilizado para responder rapidamente a perguntas de pesquisa, fornecer informações e dicas para resolução de problemas, e até mesmo para simular diálogos em sala de aula para treinar habilidades sociais e de comunicação. Além disso, o ChatGPT pode ser acessível e conveniente para estudantes em todo mundo, o que pode ajudar a ampliar o acesos à educação de qualidade.
Pergunta: Os estudantes não ficarão dependentes da ferramenta?
Não deixarão de aprender por conta própria, sabendo que as respostas estarão todas aqui no ChatGPT?
Resposta do ChatGPT:
É possível que alguns estudantes possam ficar mais dependentes do ChatGPT e, como resultado, possam perder o hábito de aprender por conta própria.
No entanto, creio que o uso do ChatGPT pode ser uma ferramenta complementar ao processo de aprendizagem, e não uma substituição. É importante que os professores e os pais orientem os estudantes a usar o ChatGPT como uma ferramenta para aprimorar suas habilidades de pesquisa e aprendizagem autônoma, e não como uma fonte de respostas fáceis. Dessa forma, pode ser uma ferramenta valiosa para ajudar os estudantes a desenvolver habilidades críticas de pensamento e aprendizagem ao longo da vida.
Adaptado de IFSC Verifica. Disponível em:
https://www.ifsc.edu.br/web/ifsc-verifica/w/quais-os-impactos-do-chatgpt-e-da-inteligencia-artificial-na-educacao-. Acesso em 05 jun. 2024
A individualidade na educação tem uma significação dupla: de um lado temos o estudante com sua personalidade, suas ideias, seus sonhos, sua realidade particular; por outro, existe uma diversidade de personalidades, ideias, sonhos, realidades que diferem de um indivíduo para outro.
Com isso, o papel da educação é valorizar as particularidades intrínsecas a cada pessoa, deixando-as livres intelectualmente para que possam pensar por si mesmas e contribuir para a sociedade em que vivem através de suas aptidões e interesses. Isso deve ser feito respeitando o interesse comum em detrimento de seu próprio interesse individual.
Adaptado de DEL MONTE, Silvia. Educação e cidadania. Cadernos CIMEAC, 2014, p. 75. Disponível em:
https://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/cimeac/article/view/1461. Acesso em 07 jun. 2024.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz a cultura digital como uma das Competências Gerais que consolidam a proposta de educação integral do documento.
Ela estabelece as bases para preparar os estudantes não apenas para utilizar a tecnologia, mas para compreender suas implicações éticas, sociais e culturais.
A BNCC, no entanto, ainda não possui uma discussão mais profunda acerca das tecnologias de inteligência artificial.
Mas, no que tange às práticas da cultura digital, o documento orienta não somente a favor de uma participação mais efetiva e crítica nas práticas contemporâneas de linguagem por parte dos estudantes, como permite também que se possa considerar o aprendiz não apenas um “usuário da língua/das linguagens”,
mas o que alguns autores vão denominar de designer: alguém que toma algo que já existe (inclusive textos escritos), mescla, remixa, transforma, redistribui, produzindo novos sentidos, processo que alguns autores associam à criatividade.
Adaptado de BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, 2018, p.70. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em 05 jun. 2024.
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